OP DITADURA NUNCA MAIS

Operações 31 de Mar de 2024
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
- Geraldo Vandré (1979)

Saudações, povo brasileiro,

Vamos conversar sobre a ditadura militar. DITADURA, que não é revolução, nem movimento, tampouco salvação, mas é GOLPE. E vocês podem nos dizer: "mas o Lula não quer falar disso!" Então, hoje a EterSec falará de ditadura, golpe, história, Lula e toda a vergonha que é um presidente se aliar aos malditos milicos.

O golpe de 64 foi armado por militares, apoiado pela burguesia, pela imprensa e por boa parte dos políticos contrários às reformas progressistas propostas pelo Governo Jango, e também contou com apoio dos conservadores, que eram apegados ao tradicionalismo e ideias contrárias ao "comunismo". A "Marcha da Família" lotou as ruas por todo o país pedindo a dissolução da ordem institucional recém estabelecida.

Tudo aconteceu com o apoio do governo norte americano, com seus interesses imperialistas, e que foram imprescíndiveis na preparação da queda da democracia, esmagando facilmente a frágil resistência da época. O resultado se traduziu em desilusões, prisões, dores, mortes e inúmeras outras consequências terríveis.

Relembre com a gente uma das partes mais sombrias da história do Brasil. Ao ler, talvez você tenha a sensação de ter vivido os fatos recentemente, no 08 de janeiro. E, para não voltarmos aos terríveis dias, precisamos lembrar. Um povo que esquece sua história está fadado a viver novamente seus erros.

A HISTÓRIA QUE BEIROU O ESQUECIMENTO

Nós temos o péssimo hábito de ter memória curta. Diversos episódios da história foram enviados para o baú de memórias perdidas e, no Brasil, não tem sido diferente. Para que, assim como nós, você também não se esqueça, trouxemos alguns pontos importantes desses anos tão sórdidos que assombram o país até hoje.

Durante os 21 anos de ditadura militar, passamos por 3 períodos (Fonte: Memórias da Ditadura):

  1. Um disfarce legalista para a ditadura: 1964 - 1968;
  2. Anos de chumbo: 1969 - 1978;
  3. A reabertura política: 1979 - 1985.

No dia 19/03/1964, enquanto João Goulart ainda era presidente do Brasil, houve a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade" em São Paulo. O objetivo da marcha era manipular a população contra o presidente que supostamente implantaria o regime comunista. Não parece com algo que vimos recentemente? De forma muito semelhante aos eventos atuais, houve um grande esforço da extrema-direita para causar pavor à população com o medo do comunismo. Funcionou! O golpe deu certo.

O programa Uma Semana em 64 reconstituiu os últimos dias de março e os primeiros de abril de 1964, quando João Vicente, filho de Jango, relembra as horas na semana que antecedeu o golpe militar, há 60 anos.

Durante o primeiro período da ditadura (1964-1968), os golpistas promulgaram uma nova constituição e diversos Atos Institucionais (AI). Foi o AI-1 que cassou os direitos políticos de Goulart e todos os que fossem considerados opositores do regime militar. A violência policial atingiu o seu ápice no dia 21/06/1968, na chamada sexta-feira sangrenta. Muitos estudantes e ativistas foram presos e alguns morreram. Foi um confronto de balas, cassetetes e pedras entre a polícia e os corajosos estudantes e moradores da região.

Avenida Rio Branco durante a sexta-feira sangrenta. Fonte: Memórias da Ditadura

Seis meses depois, o AI-5 fechou o Congresso Nacional, as assembleias legislativas e as câmaras municipais. Os mandatos legislativos e executivos, tanto federais quanto estaduais e municipais, foram cassados. Funcionários civis e militares foram demitidos ou removidos, assim como os juízes. O estado de sítio estava decretado sem quaisquer restrições e o governo confiscou bens sob a desculpa de punir a corrupção. Os direitos políticos foram completamente suspensos. Nesse momento, os acusados de "crimes contra a segurança nacional" perderam o direito a habeas corpus e passaram a ser julgados por tribunais militares, pois as ações fundamentadas no próprio AI-5 não estavam sujeitas à revisão do Judiciário. O sonho de qualquer fascista se tornou realidade.

No documentário AI-5 O Dia que não Existiu é reproduzida a histórica e pouco conhecida sessão da Câmara dos Deputados que negou licença para processar Márcio Moreira Alves. O deputado foi considerado o provocador do Ato Inconstitucional que desencadeou o período mais tenebroso do regime ditatorial militar brasileiro.

Os jornais foram fechados. Não havia mais o direito à liberdade de expressão. O pesadelo era real e as pessoas estavam nas mãos cruéis dos opressores. Logo veio o período mais obscuro da ditadura: os Anos de Chumbo, como podemos ver no documentário Chumbo Quente feito pelo Observatório da Imprensa.

Fonte: Internet

De 1969 a 1978, houve duras restrições às liberdades civis, desde censura na cultura, na arte, na música, até na literatura. Uma forte repressão política, inúmeras violações, perseguições e tortura de opositores políticos, estudantes e membros da igreja. Muita gente desapareceu e foi morta. O Destacamento de Operações e Informações e Centro de Informação de Defesa Interna (DOI-CODI) era o principal centro de investigação e repressão usado pelo governo militar na época. Ele capturou, identificou, violentou, torturou e matou muitos participantes de guerrilhas. Aqueles que eram mortos nas celas, eram registrados como desaparecidos para que o governo conseguisse esconder a sujeira decorrente de seu aterrorizante regime. Durante esse mesmo período ocorreu a Operação Condor, apoiada pelos EUA, que visava a repressão política e o terror, resultando na morte de diversos opositores exilados na América do Sul, sendo um deles o ex-presidente Jango (1975).

Maquiadas pelo "Milagre Econômico" do governo Médici, as desigualdades sociais e concentração de renda no país se acentuaram de forma assombrosa. As consequências desse período foram profundas, deixando traumas sociais, políticos e econômicos que persistem até hoje.

Dos anos 1979 a 1985 houve a chamada "Reabertura Política". Diante da grave crise econômica, da enorme dívida externa e da total oposição da sociedade, os golpistas decidiram que era hora de sair de cena de forma lenta, contida e gradual, com objetivo de não responderem pelos abusos cometidos e nem pelo fracasso de seu governo. A revogação do AI-5, a suspensão da censura e a anistia aos presos políticos consolidou essa nova fase.

Em 1985, pela primeira vez em 20 anos, os militares não estavam mais no controle da sucessão presidencial. A oposição chegava ao poder com Tancredo Neves, que morreu antes da cerimônia de posse. Então, José Sarney assumiu a cadeira presidencial, sendo considerado um traidor pelo General Figueiredo que, inconformado com a derrota, não lhe passou a faixa e deixou o Palácio do Planalto pela porta dos fundos. Isso nos remete a uma lembrança bem recente, quando em 2023 Bolsonaro também se recusou a passar a faixa para Lula. Seria a história se repetindo?

Sarney no dia de sua posse. Fonte: Internet

O documentário Memórias da Ditadura, como diz o título, traz diversas e detalhadas memórias de como foi o golpe militar.

Operação Condor

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo se encontrava polarizado entre Estados Unidos e União Soviética. Com o início da Guerra Fria, os pensamentos socialistas chegam à América do Sul, sendo vistas pelos EUA como um "risco" aos seus interesses imperialistas.

Em resposta a essa "ameaça", a Operação Condor foi concebida como um plano de colaboração entre os serviços de inteligência e repressão de várias nações sul-americanas durante os anos 1970 e o início da década de 1980. A Operação promovia ações repressivas, possibilitando que os governos desses países compartilhassem dados sobre ativistas, facilitando a identificação e captura.

No documentário O Dia Que Durou 21 Anos, documentos secretos e gravações originais da época mostram a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. O filme destaca a participação da CIA e da própria Casa Branca na ação militar que deu início a ditadura.

Fonte: Internet

Países como Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Peru e Equador colaboraram nesse esforço conjunto, compartilhando informações de inteligência e realizando ações coordenadas para perseguir seus "inimigos". Nós analisamos vários documentos confidenciais da época que revelam detalhes sobre como essa operação funcionava. O chamado "Arquivo do Terror", um vasto acervo de 593 mil páginas microfilmadas contendo diários, registros, fotografias, fichas, relatórios e correspondência sigilosas desses regimes ditatoriais, foi descoberto em 1992 na cidade paraguaia de Lambaré.

O Brasil desempenhou um papel fundamental na Operação Condor, estabelecendo o Centro de Informações do Exterior (CIEx) no Itamaraty, liderado por um agente da CIA, para coordenar ações da Operação em vários países. De 1966 a 1985, o CIEx monitorava opositores no exterior em cooperação com o Serviço Nacional de Informações (SNI). O uso de tecnologia avançada fornecida pela CIA, foi fundamental para o funcionamento da Operação. Sem a ajuda dos EUA, nenhum país da região teria sido capaz de implementar um sistema de comunicações tão moderno.

Fonte: Internet

Os documentos confidenciais revelaram, também, detalhes sobre a existência de "esquadrões da morte" no Brasil, compostos por policiais fora de serviço que executavam pessoas consideradas como "criminosos irrecuperáveis". Essas milícias operavam de forma clandestina, justamente para desvincular suas ações dos regimes militares da época.

Fonte: Arquivo do Terror

Seu modus operandi era semelhante ao de unidades de forças especiais, treinados para caçar e eliminar alvos de maneira precisa e seletiva. Empregavam táticas extremas, realizando assassinatos de pessoas consideradas "ameaças". Várias teorias são apresentadas nesses documentos para explicar a existência e motivações do esquadrão da morte, como, por exemplo, ser uma ferramenta para aterrorizar as classes mais pobres, impondo uma opressão violenta.

Muitos divergentes políticos foram perseguidos, encarcerados, torturados e desapareceram. Brasileiros eram entregues às forças de repressão em outras nações, como Argentina e Uruguai. Prisioneiros eram transferidos entre países, perdendo-se em um labirinto de violência e morte.

Fonte: Arquivo do Terror

Entre 1976 e 1977, os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart, além do jornalista Carlos Lacerda, figuras de oposição ao regime que formavam a frente ampla, morreram em circunstâncias suspeitas, com dúvidas pairando sobre esses eventos nas décadas seguintes.

Fonte: Internet

Há um cenário controverso que conecta o Instituto Butantan, prestigiosa instituição científica brasileira, com a ditadura militar brasileira. Durante aquele período sombrio, a fundação não apenas recebeu visitas oficiais, mas também esteve envolvido em perseguições contra cientistas, o que era de se esperar da extrema-direita negacionista. Além disso, toxinas produzidas pelo instituto foram enviadas para o Chile, por meio de malotes diplomáticos que não deixavam rastros e foram utilizadas para envenenar opositores da ditadura. A toxina botulínica é um dos venenos mais letais conhecidos, afetando o sistema neurovascular e levando à morte por ataque cardíaco ou asfixia. Sabe quem morreu misteriosamente de ataque cardíaco? João Goulart e Carlos Lacerda, com poucos meses de diferença.

Novos documentos têm emergido, corroborando a estreita relação entre o Butantan e os militares (brasileiros e chilenos). Esses documentos incluem fotografias da visita de uma comitiva de altos oficiais ligados ao regime de Pinochet à sede do instituto em São Paulo.

Os documentos confidenciais revelam detalhes de métodos de tortura utilizados pela ditadura militar brasileira: choques elétricos, privação de alimentos e água, o uso do "pau de arara", privação sensorial, exaustão extrema e um sistema sofisticado de tortura psicológica para extrair informações sem causar danos físicos visivelmente duradouros. Houve, até mesmo, relatos de estupro, eis aí a extrema violência de um governo militar.

Fonte: Arquivo do Terror

A descoberta do "Arquivo do Terror" trouxe à tona uma das páginas mais sombrias da história política da América do Sul, revelando os horrores e as consequências devastadoras da Operação Condor.

As Torturas

Os malditos militares sentiam prazer em torturar. O maior torturador da ditadura foi Coronel Ustra, condenado em 2008 e falecido em 2015, que chegou a receber uma medalha pelos "trabalhos" feitos. Quando usamos somente a palavra tortura, parece que distanciamos os fatos da realidade, por isso, vamos descrever algumas técnicas usadas pelos militares para a obtenção de informações ou sadismo, assim você poderá ter uma compreensão melhor do que estamos falando.

Fonte: Superinteressante

1 - CHOQUE: Torturadores aplicavam descargas elétricas em diferentes partes do corpo. As partes preferidas eram as mais sensíveis – por exemplo, um polo na genitália e outro no ânus. Os equipamentos recebiam diferentes nomes: maquininha, Maricota, pimentinha, Brigitte Bardot, pianola, entre outros.

2 - CADEIRA DO DRAGÃO: A vítima sentava nua com pulsos e pernas presos numa cadeira revestida de zinco, que distribuía o choque pelo corpo. Para intensificar o suplício, era molhada com água e obrigada a comer sal. Adicionalmente, recebia o “capacete elétrico” (balde de metal).

3 - CRUCIFIXO: Suspensão da vítima pelos pulsos ou pés, amarrados por corda a ganchos fixados no teto ou em paredes. O método auxiliava outras formas de tortura: choques, afogamento, palmatória e abuso sexual.

4 - GELADEIRA: Criação britânica para torturar sem deixar marcas. O preso era isolado hermeticamente dentro de um cubo de apenas 1,5 metro de altura – o que o impedia de se estender. A temperatura oscilava entre frio e calor extremos e um alto-falante emitia ruídos altíssimos.

5 - TELEFONE: Aplicação de pancada com as mãos em concha nos dois ouvidos ao mesmo tempo. O método levou ao rompimento dos tímpanos em diversos presos e, em alguns casos, à surdez permanente.

6 - PAU DE ARARA: Suspendiam o preso com os braços e pés amarrados a um travessão. Era um método de tortura por si só, mas também auxiliava o torturador a afogar, a aplicar a palmatória e os choques elétricos e a abusar sexualmente da vítima.

7 - AFOGAMENTO: Diferentes métodos foram usados: derramar água no nariz da vítima pendurada de cabeça para baixo; vedar as narinas e introduzir uma mangueira na boca; forçar a cabeça num tanque com água; imergir o corpo preso por uma corda em rios ou lagos.

8 - USO DE ANIMAIS: Expunham os presos a variados tipos de animais, como cachorros, ratos, jacarés, cobras e baratas. Eram lançados contra o torturado, colocados sobre seu corpo ou mesmo introduzidos em algum orifício.

9 - PALMATÓRIA: Era uma prancha de madeira com pequenos furos. Usada de preferência na planta dos pés, na palma das mãos e na região da escápula. Rompe capilares sanguíneos e provoca inchaço, que impedem a vítima de caminhar e de segurar objetos.

10 - PRODUTOS QUÍMICOS: Usavam diferentes produtos químicos no torturado. Isso incluiu administração de ácido no corpo, álcool em ferimentos, “soro da verdade” (pentotal sódico) para indução em interrogatórios e injeção de éter, para provocar dores lancinantes.

VIOLÊNCIA SEXUAL: Abusos sexuais contra mulheres e homens foram disseminados. Nos relatos há casos de penetração vaginal, anal e oral, introdução de objetos ou animais no ânus e na vagina, choque elétrico nos genitais, atos físicos humilhantes e abortos forçados.

Como podemos observar, os militares não hesitaram em humilhar, maltratar e torturar suas vítimas. Tamanha a maldade, fica difícil encontrar palavras para descrever ações tão sádicas. Como mencionamos, diversas pessoas foram mortas e muitas ainda estão desaparecidas, por isso, vamos falar um pouco sobre os heróis, os que resistiram, não tiveram medo e lutaram pela nossa democracia.

NOSSOS HERÓIS

A intolerância do regime instaurado pelo golpe militar promoveu o exílio de inúmeros brasileiros, afastando e eliminando as diferentes gerações que lutavam: reformas de base, revolução social e redemocratização. Foi quando o conhecido lema "Brasil, ame-o ou deixe-o" passou a ser usado como uma forma de deslegitimar e silenciar os opositores do regime, sugerindo que aqueles que discordassem das políticas ou ações do governo não tinham o direito de permanecer no país.

Algumas pessoas lutaram, ao custo de suas próprias vidas, pela defesa da democracia. O que seria de nós se esses combatentes não tivessem ousado enfrentar esse aparato de abuso, poder e tortura? Nossa frágil democracia se deve, em grande parte, aos brasileiros que, mesmo em um combate de forças tão desiguais, não fugiram, nem se acovardaram.

NÓS SOMOS, PORQUE VOCÊS FORAM!

CARLOS MARIGHELLA foi um líder político e revolucionário brasileiro que desempenhou um papel significativo na resistência à ditadura militar. Nascido na Bahia em 1911, ele ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) antes de fundar a Ação Libertadora Nacional (ALN) no Rio de Janeiro, uma organização guerrilheira que defendia ações diretas contra o governo opressor. Em 1969, Marighella foi assassinado por uma rajada de metralhadora, durante uma emboscada do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), porém, seu legado de coragem e luta pela liberdade continua a inspirar ativistas em todo o mundo. Sugestões: Marighella - Filme e Marighella - Documentário com entrevista de diversas pessoas que o conheceram pessoalmente.

ZUZU ANGEL, renomada estilista brasileira, destacou-se não apenas no mundo da moda, mas também como uma voz proeminente contra a ditadura militar. Após o desaparecimento e morte de seu filho, STUART ANGEL JONES, devido à violência do regime, Zuzu empreendeu uma busca incansável por justiça. Sua determinação e coragem foram evidenciadas em sua criação de coleções de moda que simbolizavam a luta contra a opressão, através de roupas bordadas de figuras bélicas e um anjo ferido, ganhando visibilidade internacional para sua causa. No entanto, sua vida foi tristemente interrompida em 1976, quando foi vítima de um acidente de carro planejado pelos agentes da ditadura. Sugestão: Filme Zuzu Angel.

MARIA AMÉLIA DE ALMEIDA TELES, conhecida como Amelinha, emergiu como uma figura emblemática na resistência ao regime ditatorial. Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), ela enfrentou a prisão e a tortura por seu ativismo político, enquanto sua família também foi alvo do regime opressivo. Ela foi presa juntamente sua irmã que estava grávida. Seus filhos foram obrigados a assistir enquanto os pais eram submetidos a cadeira de choques elétricos, espancamentos, violência psicológica e estrupo. Apesar das adversidades, Amelinha perseverou, tornando-se um símbolo de resistência e coragem na busca pela justiça e liberdade em meio à opressão.

PAULO FREIRE, o maior educador brasileiro, é reconhecido por sua dedicação em proporcionar educação às camadas mais desfavorecidas da sociedade. Nasceu em Recife em 1921 e, através de suas próprias experiências, desenvolveu um método revolucionário de alfabetização que transformou a vida de muitos. No entanto, durante a ditadura militar, foi perseguido e acusado de "subversão", sendo preso por 70 dias, torturado, espancado, submetido à sessões de frio, escuridão e uma sirene que não parava de tocar até causar alucinações, e posteriormente, exilado por 16 anos. Apesar de tudo, retornou ao Brasil em 1980 e continuou sua luta pela educação, deixando um legado duradouro de compromisso com a igualdade e justiça social.

BETINHO, sociólogo e ativista dos direitos humanos, enfrentou a repressão da ditadura militar e foi obrigado a se exilar em países como o Chile, México e Canadá. Sua luta incansável pelos menos favorecidos e pela reforma agrária o tornou uma figura emblemática. Sua vida foi tragicamente interrompida em 1997 devido à contaminação por HIV, adquirida através de uma transfusão de sangue, por ser hemofílico. Sua memória é honrada não apenas por suas contribuições, mas também por sua sensibilidade e empatia, como expresso em seus escritos: "Essa que vejo na rua sem pai, sem mãe, sem casa, cama e comida, essa que vive a solidão das noites sem gente por perto, é um grito, é um espanto. Diante dela, o mundo deveria parar para começar um novo encontro, porque a criança é o princípio sem fim e o seu fim é o fim de todos nós." Sugestão: Betinho - No Fio da Navalha.

MARIA LÚCIA PETIT, professora e militante do PCdoB, dedicou sua vida à educação e à luta pela justiça social. Participou ativamente das lutas estudantis e, posteriormente, se envolveu na Guerrilha do Araguaia, onde acabou sendo morta pelas forças do governo em 1972. Apesar de sua morte prematura, sua identidade foi finalmente confirmada em 1996, proporcionando um alívio para sua família e destacando sua importância histórica na luta contra a opressão. Dos guerrilheiros do Araguaia, ela foi a única a ter seu corpo identificado.

VLADIMIR HERZOG, era jornalista e professor. No ano de 1975, foi escolhido pelo secretário de Cultura de SP para dirigir a TV Cultura, quando começou a irritar os golpistas. Em outubro do mesmo ano, Vladimir foi, voluntariamente, ao DOI-CODI para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com PCB, onde foi encapuzado, amarrado em uma cadeira, sufocado com amoníaco e submetido a espancamento e choques elétricos, assim como vários outros presos políticos. Sua morte gerou pressão internacional sobre o governo brasileiro e contribuiu para o gradual enfraquecimento do regime autoritário. Além disso, Herzog tornou-se um símbolo da luta pela liberdade de expressão e pelos direitos humanos, inspirando gerações posteriores de jornalistas e ativistas a se oporem a qualquer forma de autoritarismo.

Os legados destes e de tantos outros, ecoam como testemunhos inabaláveis da coragem, dedicação à causa da justiça e da liberdade durante os anos sombrios da ditadura militar no Brasil. Eles foram a resistência, a defesa dos direitos humanos, a luta pela educação inclusiva e a busca incessante pela verdade e pela igualdade.

Suas vidas e sacrifícios não apenas deram força aos companheiros do passado, mas também ressoam na luta de ativistas contemporâneos, que encontram neles uma fonte de inspiração e coragem para enfrentar os desafios atuais. Ao honrar o legado desses heróis, nós renovamos nosso compromisso com os ideais de liberdade, justiça social e respeito aos direitos humanos, garantindo que não podemos voltar aos tempos sombrios.

Recomendamos mais alguns filmes e documentários:

  1. Batismo de Sangue - Cinco frades dominicanos se engajam na guerrilha contra a ditadura militar nos anos 1960 no Brasil. Por apoiarem a luta armada, são considerados comunistas, presos e torturados.
  2. Deslembro - Joana é uma adolescente que mora em Paris com a família. Quando a anistia é decretada no Brasil, ela volta ao Rio de Janeiro, cidade em que nasceu e onde seu pai desapareceu nos porões do DOPS. Lá, seu passado ressurge.
  3. Diário de Uma Busca - Celso Castro, militante de esquerda, foi encontrado morto no apartamento de um ex-oficial nazista. A polícia sustenta que se trata de um suicídio. O episódio é o ponto de partida de Flavia, filha de Celso e diretora do filme, que decide reconstruir a história da vida e da morte do seu pai, voltando aos cenários do exílio familiar, da ilusão e do fracasso de um projeto político.
  4. Lamarca - Com atuação inspirada do ator Paulo Betti, que interpreta o protagonista, o filme narra o último período de vida do capitão Carlos Lamarca, que desertou do Exército e passou a integrar um grupo armado que lutava contra a ditadura.
  5. Em Busca de Iara - Conheça a trajetória excepcional de Iara Iavelberg, que abandonou a família para investir na luta armada durante a ditadura militar. Atuante no movimento estudantil de 1960, Iara foi o grande amor de Carlos Lamarca.
  6. Setenta - No dia 7 de dezembro de 1970, grupos de combate à ditadura capturaram o embaixador suíço no Brasil buscando a liberdade de 70 presos. Começava o mais longo sequestro político da história do país.
  7. O que é isso, Companheiro? - O jornalista Fernando e seu amigo César abraçam a luta armada contra a ditadura militar no final da década de 60, após a publicação do AI-5. Os dois se alistam em um grupo guerrilheiro de esquerda e, em uma das ações do grupo militante, César é ferido e capturado pelos militares. Fernando então planeja o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, para negociar a liberdade de César e de outros companheiros presos.
  8. Que Bom Te Ver Viva - A diretora Lúcia Murat, que foi torturada no período da ditadura militar, narra a vida de algumas mulheres brasileiras que pegaram em armas contra o regime militar. Há uma série de depoimentos de guerrilheiras e cenas do cotidiano dessas mulheres que recuperaram, cada uma à sua própria maneira, os vários sentidos de viver.

COMISSÕES

Para compreendermos o que foi vivenciado nos tempos da ditadura e para dar respostas para as famílias dos mortos e desaparecidos, foram criadas 2 importantes comissões pelo governo brasileiro: a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos e a Comissão Nacional da Verdade.

Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos

Fonte: Internet

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) foi instalada em 04/12/1995, através da Lei 9140, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, com a finalidade de reconhecer e encontrar as pessoas cujas vidas foram cruelmente roubadas pela ditadura militar.

Atualmente a lista de desaparecidos conta com 364 nomes.

Fonte: Internet

Durante o governo Bolsonaro, a comissão foi criminosamente preenchida por militares do PSL (2019) e teve seu regimento alterado, sendo, por fim, extinta em 15/12/2022, menos de 1 mês do final de seu desgoverno. Desde então, familiares e amigos das pessoas mortas e desaparecidas tentam diálogo com o governo federal para que haja a reinstalação da comissão, para que o trabalho prossiga. É DIREITO DAS FAMÍLIAS TER UM CORPO PARA ENTERRAR!

Comissão Nacional da Verdade

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) é um órgão temporário criado pelo Estado para investigar violações de direitos humanos em um determinado período histórico de um país. A primeira Comissão da Verdade foi instituída na Uganda, em 1974 e, desde então, mais de 30 países já realizaram suas próprias comissões.

No Brasil, apesar de Lula ter ficado 8 anos na presidência, a CNV só foi instalada no governo Dilma, em 2012. Essa atitude de Lula já se demonstrava covarde, como vemos novamente hoje.

A CNV também é responsável por esclarecer fatos, elaborar relatórios e recomendações, sugerir reformas e reparações históricas. Ela, inclusive, investigou a possível presença de Clostridium botulinum nos restos mortais de Goulart. Lembram de quando falamos sobre a relação entre o Instituto Butantan e a ditadura?

"Embora a primeira análise da exumação não tenha sido conclusiva, foi detectada a presença de uma substância que não deveria estar lá." - João Vicente Goulart, sobre a investigação da morte de seu pai.

Ou seja, de fato, o ex-presidente João Goulart foi assassinado pelos inescrupulosos militares, como se desconfiava.

Apesar de ser responsável por essas investigações, a comissão não possui poderes para realizar processos criminais, pois as leis de anistia desastrosamente concederam perdão aos criminosos do regime militar.

No documentário Em Busca da Verdade, que foi vencedor do Prêmio Vladimir Herzog, são apresentadas as principais investigações da Comissão Nacional e das Comissões Estaduais da Verdade sobre as graves violações de direitos humanos ocorridas na ditadura de 1964.

Quando falamos da CNV, também precisamos falar de Dilma, que foi presa e torturada em 1970, quando tinha apenas 19 anos. Lutou bravamente pela democracia brasileira e não teve medo. Disse que "a tentação de falar a verdade, quando se está sob tortura, é insuportável".

Na foto acima, Dilma enfrenta o Tribunal Militar.

Recomendamos o Documentário Torre das Donzelas, que revisita o período da ditadura e se concentra em um grupo de ex-presas políticas do sexo feminino que dividiu uma cela no Presídio Tiradentes, em São Paulo.

Em 2014, quando completou-se 50 anos do golpe, na época presidente do Brasil, Dilma, sabiamente disse:

“O dia de hoje exige que lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos aos que morreram e desaparecerem, devemos aos torturados e aos perseguidos, devemos às suas famílias. Devemos a todos os brasileiros.” - Discurso de Dilma Rousseff, em 31/03/2014 - 50 anos da ditadura.

Assim como Dilma, nós acreditamos que o passado deve ser lembrado. Somente quando conhecemos nossa história é que podemos acreditar num futuro melhor. E é por isso que agora vamos esclarecer as falas asquerosas de Lula.

LULA: A VERGONHA

Vergonhosamente, Lula, um homem que supostamente viveu os horrores da ditadura e lutou contra a opressão militar, vem tendo falas bastante desprezíveis como: "não remoer o passado".

“Eu, sinceramente, vou tratar da forma mais tranquila possível. Eu estou mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64. Eu tinha 17 anos de idade, estava dentro da metalúrgica Independência quando aconteceu o golpe de 64. Isso já faz parte da história. Já causou o sofrimento que causou. O povo já conquistou o direito de democratizar esse país. Os generais que estão hoje no poder eram crianças naquele tempo. Alguns acho que não tinham nem nascido ainda naquele tempo. O que eu não posso é não saber tocar a história para frente, ficar remoendo sempre, remoendo sempre, ou seja, é uma parte da história do Brasil que a gente ainda não tem todas as informações, porque tem gente desaparecida ainda, porque tem gente que pode se apurar. Mas eu, sinceramente, eu não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país pra frente”. - Fala de Lula em entrevista a RedeTV!

Como era de se esperar, essa fala repugnante tanto irritou e entristeceu quem conhece a seriedade dos acontecimentos, como também agradou os fascistas patriotários. O General Mourão, por exemplo, afirmou que Lula agiu de forma correta ao vetar atos sobre o golpe.

"Ele está certo, 64 pertence a história. Faz 60 anos. Morreu o assunto". - Trecho da fala de Mourão em entrevista para o UOL News.

Além do mais, o Ministério dos Diretos Humanos diz que vai "seguir determinação de Lula" e decide CANCELAR evento sobre a ditadura militar. Ainda estamos sob as rédeas do regime militar? Que medo é esse de desagradar milicos, presidente? Com essa lambeção de bota, só está envergonhando todos àqueles que você diz serem seus companheiros e que verdadeiramente lutaram por um país mais democrático.

A proibição, imposta por Lula, de se fazer qualquer manifestação em lembrança aos mortos e perseguidos pela ditadura é uma vergonha, um ultraje para as famílias de todos que sofreram nesse período macabro da história brasileira.

A ideia de que relembrar esses fatos é “remoer o passado” é absurda. Lula se esquece, ou finge esquecer, que as manifestações de 08 de janeiro são uma tentativa, ainda que desorganizada, de repetir um golpe. Não nos moldes de 1964, uma vez que as condições são outras mas, de qualquer forma, um golpe contra a democracia. Do governo anterior esperávamos alguma coisa desse tipo (e outras ainda piores), já que seu representante era admirador confesso de torturadores. Mas não de um governo que tanto se diz democrático e alinhado aos direitos humanos.

Lula, talvez você tenha se esquecido dos crimes brutais que foram cometidos, das torturas inomináveis que foram praticadas, das pessoas que foram mortas, das tantas que ainda estão desaparecidas. Os criminosos de farda não foram responsabilizados e eles ainda se veem no direito de comemorar e tentar outra vez. Você concorda com essa insanidade, presidente?

Para alguém que já foi preso pela ditadura, que inclusive estava encarcerado no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) quando sua mãe, D. Lindu, faleceu, Lula deveria saber muito bem o que foi a ditadura. Então por que esse medo de “remoer o passado”? Esse medo de responsabilizar os militares, de julgá-los e condená-los pelos crimes que cometeram? Suspeita-se que o motivo de não querer se indispor com os militares seja o seu temor de desagradar à caserna.

Não lembrar os anos de crueldade da ditadura é uma tentativa de reescrever a história, de deixá-la para trás, transformá-la em arquivo morto. Lula sugere que sigamos em frente, que enterremos o passado, que "o que passou, passou". Entretanto, como seguir adiante enquanto não houver, de fato, justiça por todos os crimes cometidos, enquanto ainda existem tantas famílias sem enterrar seus entes queridos, enquanto ainda vislumbramos o perigo de um novo golpe?

Lula, você prometeu e deve cumprir! Reinstale a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP). Nós não toleraremos o esquecimento!

MALDITOS MILICOS

"A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério. Quando após tantos anos de lutas e sacrifícios promulgamos o Estatuto do Homem da Liberdade e da Democracia bradamos por imposição de sua honra. Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo". - Ulysses Guimarães em seu discurso na promulgação da Constituição de 1988 - íntegra do discurso.

Vimos recentemente uma sociedade delirante clamando por intervenção militar, saudosista de um período que não viveu (ou se viveu, foi longe das lutas e das torturas), acreditando na falsa narrativa que o regime militar salvou o Brasil, mas, até hoje, não entendem qual é o verdadeiro papel das forças armadas.

Fonte: Internet

Não aceitando o resultado das eleições, patriotários invadiram a frente de quartéis e estacionamentos da havan, esperando que a sua salvação viesse dos malditos milicos (ou da intervenção alienígena; talvez de um pneu com superpoderes), acreditando que o “zeloso” exército, além de excelente pintador de meio-fio, seria a solução para os nossos problemas.

Mas sabemos bem o que esses criminosos são capazes de fazer se tiverem o poder em suas mãos outra vez. Tanto é que, no 08 de janeiro, uma população desesperada e manipulada, com medo do comunismo que comeria seus cachorros, invadiu Brasília e tentou destruir nossa democracia.

Somente em março, através do ex-comandante do exército, Freire Gomes, o povo brasileiro teve conhecimento do Decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) arquitetado pela extrema-direita. O texto, que representa um delírio, tinha como objetivo impedir a posse de Lula, manter Bolsonaro no poder, prender ministros do STF e outras autoridades, transformando o Brasil em uma nova ditadura militar.

"Afinal, diante de todo o exposto e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o Estado de Sítio; e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem."

É importante lembrar que, durante a gestão Bolsonaro, mais de 6 mil militares ocuparam cargos políticos. Havia um projeto sendo articulado para um novo regime militar.

Se deixarmos que o esquecimento caia sobre tudo o que foi feito nesse período obscuro da nossa história, estaremos incentivando que esse episódio se repita, tal qual o 08 de janeiro, e talvez na próxima vez não tenhamos a mesma sorte. Estamos alimentando esses monstros golpistas, fazendo-os acreditar que podem atentar contra a nossa democracia sem que sofram as consequências. Provavelmente, alguns (poucos) generais serão punidos a fim de “saciar” a opinião popular, mas o exército em si não sofrerá dano algum e continuará aguardando uma nova oportunidade para atacar e se apropriar do comando.

Em nossas buscas, descobrimos que militares se reuniram para um Jantar de comemoração dos 60 anos do que eles chamam de "movimento democrático". Isso é uma afronta à memória daqueles que morreram, foram torturados e sentem até hoje os danos desses 21 anos de escuridão do nosso país. Comemorar o sangue que eles têm nas mãos é como desferir outro soco na face de cada um que lutou para que a ditadura acabasse.

Já fizemos algumas operações expondo milicos imundos e suas manias de corrupção:

Vergonhosamente, ainda vivemos, sob a tutela dos militares e, enquanto o governo não buscar uma solução definitiva para essa situação, a sombra de um golpe sempre estará à espreita no horizonte.

Recomendamos alguns documentários sobre a Democracia:

8/1 - A Democracia Resiste
Curtas Democracia
Democracia em Vertigem

DITADURA NUNCA MAIS

Julio César Strassera, argentino, que por muito tempo atuou como advogado no departamento do Procurador-Geral, foi nomeado para processar os crimes contra a humanidade cometidos por seus líderes, em 1985. Sugestão de filme: Argentina, 1985 - de Santiago Mitre.

Em seus argumentos finais, Strassera disse:

"Nós, argentinos, tentamos obter a paz, fundando-a no esquecimento e falhamos... Tentamos buscar a paz através da violência e do extermínio do adversário e falhamos... A partir deste julgamento e da condenação que defendo, nós temos direito à responsabilidade de fundar uma paz baseada não no esquecimento, mas na memória, não na violência, mas na justiça. Quero usar uma frase que não me pertence, porque já pertence a todo o povo argentino. Caros juízes: Nunca mais!"

Que essa frase também ensine ao povo brasileiro a repudiar o golpe militar, mas, acima de tudo, ensine que não se deve esquecê-lo a fim de jamais repeti-lo. Que o nosso "NUNCA MAIS" seja dito todos os dias e seja ouvido em todo o mundo. Quando o corrupto e covarde presidente eleito determina que todos sigam seu comportamento medroso de não relembrar o golpe de 64, ele o faz por qual razão? Para nós, isso passa a mensagem de que o senhor, Lula, não quer desagradar os militares, esses mesmos contra os quais tantos companheiros seus lutaram com muita bravura. Esses militares não estão (e nunca estarão) em posição de negociar nada em nenhum Estado que seja realmente democrático e de direito. O povo não deve temê-los. O povo não deve temer sequer o seu governo, mas o governo, sim, deve temer seu povo.

A semente do mal que foi plantada em 1964 germinou, se apoderou da esperança do povo brasileiro, trouxe mortes, prisões, destruiu sonhos e famílias. O projeto de poder desses malditos militares nunca morreu. Durante os 4 anos do governo da destruição, liderados por Bolsonaro, fã confesso de um dos maiores monstros que a ditadura produziu, Coronel Brilhante Ustra, esses maníacos tiveram a chance de sentir de novo o gostinho do poder e, mais uma vez, pudemos ver a capacidade que eles têm de menosprezar os direitos humanos, agindo com seus conceitos psicopatas, como ocorreu durante a pandemia e também por todo o planejamento que fizeram para tentar se manter no poder, culminando nos atos de 08 de janeiro.

Eles podem ser milhares, mas nós somos milhões. O dia em que o povo acordar para sua força, não precisará sequer conspirar, basta extirpá-los violentamente como um grande cavalo se contorcendo e lançando longe as odiosas pulgas que nos sugam e acham que tem algum poder sobre nós.

Jamais esquecer! Lembrai, lembrai!

Nós não perdoamos,
Nós não esquecemos,
Nós somos Anonymous,
Nós somos EterSec,
Espere por nós!

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