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Operações 8 de Nov de 2022 BR

QUEM É SILVINEI VASQUES?

Grande aliado da família Bolsonaro e parte do núcleo de campanha, Silvinei Vasques é o atual diretor-chefe da Polícia Federal Rodoviária (PRF), indicado pelo próprio presidente. É nascido no estado do Paraná, tem 47 anos e faz parte do quadro da PRF desde 1995. Entre outros cargos na carreira, já foi superintendente da PRF nos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro. Até 2021, Vasques acumulava 8 processos administrativos, protegidos da atenção pública por um sigilo de 100 anos imposto pela própria PRF. As solicitações de abertura dessas informações pela imprensa com base na Lei de Acesso à Informação foram rejeitadas pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, também indicado por Jair Bolsonaro.

O caso de maior repercussão envolvendo abuso de poder ocorreu em Goiás, no ano 2000, quando Silvinei agrediu um frentista que se negou a lavar os carros usados por um grupo de policiais rodoviários do qual ele fazia parte, com socos no abdômen e nas costas. Entre 2017 e 2019 também foi investigado por cobrança de propina e ameaças de morte, mas em 2021 o Ministério Público Federal (MPF) se manifestou apenas para informar a prescrição dos crimes. Em 2022 Vasques voltou a ter seu nome nos veículos de mídia por conta das operações da PRF durante o segundo turno das eleições.

OPERAÇÕES IRREGULARES DA PRF NAS ELEIÇÕES

Mesmo tendo sido proibidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia anterior, as operações foram mantidas pelo diretor-geral da PRF, que encaminhou ofício às superintendências da instituição rejeitando a determinação. A estratégia de realizar blitz em ônibus com eleitores a caminho das zonas eleitorais teve a justificativa de garantir "segurança", mas claramente foi aplicada com objetivo de provocar atrasos ou impedimentos, resultando em vários eleitores tendo de caminhar horas a pé para conseguirem votar.

A operação no segundo turno, que pode ser interpretada como crime eleitoral, tinha como foco veículos de transporte coletivo (conforme documentos internos da corporação que circulavam no Paraná). Alexandre de Moraes (ministro do STF e presidente do TSE) pediu explicações de Silvinei Vasques, em função de diversos vídeos denunciando o impedimento de eleitores chegarem a suas zonas eleitorais, principalmente na região Nordeste do país, onde o candidato Jair Bolsonaro tinha menos intenções de voto. Também circularam vídeos e mensagens de agendas da PRF zombando da determinação do TSE e comemorando as dificuldades encontradas por eleitores do candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Foram registradas 70% mais abordagens da PRF no segundo turno em relação ao primeiro. A concentração das operações também foi significativamente maior no Nordeste (272 operações, quase 50% do total), sobretudo se comparada à região Sudeste, mais populosa, onde ocorreram apenas 51 ações (9,4%).

O planejamento da operação ocorreu em 19 de outubro, numa reunião com a campanha de Jair Bolsonaro onde Silvinei representava a PRF e também estiveram presentes representantes da Polícia Federal e das Forças Armadas. Ela também surgiu como uma resposta à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pela legalidade da oferta de transporte público gratuito no dia das eleições, adotada por vários estados e em todas as capitais brasileiras. A decisão foi contestada pela campanha de Jair Bolsonaro por facilitar que o eleitorado mais pobre pudesse se beneficiar do transporte, camada social em que o candidato também pontuava menos.

CORPO MOLE COM A EXTREMA-DIREITA

Após a derrota de Jair Bolsonaro, grupos de extrema direita, em parte financiados por setores do agronegócio, iniciaram bloqueios em rodovias como forma de retaliação pela insatisfação com o resultado das eleições, por vezes pedindo explicitamente por um golpe de estado. A PRF não cumpriu suas obrigações, sendo omissa quanto a eles e permitindo que as ações se intensificassem, o que gerou a expressão popular "operação corpo mole" para se referenciar a essa não-ação.

Somente em 4 de Novembro, 5 dias após o início das mobilizações, é que pararam de ser registrados bloqueios em estradas, ainda havendo algumas interdições (fluxo parcialmente impedido). Isso deu tempo suficiente para que o principal objetivo fosse alcançado, que era inflamar diversos setores da extrema direita, mobilizar mais a máquina de fake news e promover sensação de impunidade para promoção de manifestações favoráveis a golpes de estado e retorno de regimes militares. Ainda assim, grande parte dessa situação se deveu não à ação da PRF, mas de organizações populares, envolvendo membros de comunidades e torcidas organizadas que se empenharam em desmobilizar e furar os bloqueios.

Vasques fazendo campanha para Bolsonaro

APARELHAMENTO DO ESTADO

A PRF, sob comando de Vasques, tem sido usada de forma truculenta e descabida. Embora seja uma instituição de policiamento ostensivo, houve grande investimento na compra de softwares cujo uso é dependente de autorização judicial. De 2019 até julho de 2022 a PRF prendeu 1226 pessoas em cidades onde sequer há estradas federais. Somente neste ano já foram registradas 52 mortes resultantes de violência policial em ações com participação da PRF. Em outubro de 2021 uma operação da PRF com diversas irregularidades de procedimento resultou na morte de 26 homens ligados a uma quadrilha de assaltos a banco. Em função das irregularidades, a própria superintendência da Polícia Federal de MG decidiu abandonar a investigação. Mesmo assim, a ação foi parabenizada e comemorada pelos filhos do então presidente Jair Bolsonaro. É importante entender que essas conduções representam um desvio de função e a violação de protocolos que garantem que a instituição funcione segundo seu dever social e a serviço da população, e não seguindo interesses políticos para repercussão midiática sensacionalista.

O apoio de Silvinei Vasques ao presidente Jair Bolsonaro não é nenhuma surpresa, já que ele Bolsonaro o indicou ao cargo e sua família colaborou ativamente no abafamento dos crimes e irregularidades de Vasques durante a última gestão. Também foi Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro, que rejeitou os pedidos da imprensa pela abertura de informações sobre os processos de Vasques protegidos pelo sigilo de 100 anos.

É fácil de entender como seus interesses pessoais e desespero particular o levam a apoiar a estrutura corrupta e miliciana que ocupa hoje o poder no país. Mas é inadmissível que ele se valha do cargo que ocupa para mobilizar toda a estrutura da PRF em sua própria proteção e da família do presidente. A saída de Bolsonaro poderá implicar na quebra dos sigilos que trarão à tona mais do que casos de corrupção, ameaça, espancamentos e abuso de autoridade. E não se trata apenas de Silvinei Vasques, nem apenas da PRF, mas de uma grande estrutura emparelhada pelo estado na proteção dessas ações milicianas. Não é apenas uma questão ideológica que conduz os grupos da extrema-direita nessas manifestações, um sentimento maníaco saudosista da época em que fomos governados por torturadores. É a manutenção de uma máquina perversa de poder e abusos. É por conta destes fatores que estamos expondo o whatsapp particular de Silvinei para que a população o cobre!

Bolsonaro,

As pessoas que você está matando, são as pessoas das quais você depende.

Nós fazemos o pão que você come.

Nós arquivamos os seus documentos.

Nós entregamos as suas encomendas.

Nós estamos em todo lugar.

Nós somos Anonymous

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