#OpCovid19 - Bolsonaro

Operações 29 de Ago de 2021 ES EN

Desde o início da pandemia Bolsonaro, o presidente do Brasil tem defendido o assim chamado "tratamento precoce" para a COVID19, que incluiria a utilização de medicamentos como  Cloroquina, Hidroxicloroquina e Ivermectina. Medicamentos esses que comprovadamente não possuem efeito antiviral e não têm nenhum respaldo científico para o tratamento da doença. O discurso utilizado pelo governo atualmente é o mesmo utilizado no caso do composto fosfoetanolamina, onde Bolsonaro encontrou um dos temas que gerou um de seus únicos dois projeots de lei apresentados em mais de 30 anos de carreira legislativa. A pílula milagrosa contra o câncer não possuía nenhum tipo de evidência de eficácia contra o câncer e já envolvia na época uma série de teorias da conspiração que iam de cúpulas médicas a cartéis de indústrias farmaceuticas.

A narrativa da época é de que, já que não havia comprovação da ineficiência, a pílula deveria ser liberada para uso. Na época, o projeto de lei foi sancionado pela presidente Dilma às vésperas de seu impeachment, mas foi barrado no supremo. O tratamento precoce é uma repetição da história, com a qual o Brasil não aprendeu.
Em 11 de janeiro, o general Eduardo Pazuello sentou-se diante dos senadores para uma audiência pública. As imagens das mortes por asfixia nos leitos e dos enterros em série em Manaus corriam o mundo. Não havia, como ainda não há, um plano detalhado de imunização dos brasileiros.                

Ao contrário, o ministro e seu superior, Jair Bolsonaro, brigavam contra os fatos e contra o governador tucano João Doria no episódio que ficou conhecido como a “guerra das vacinas”.  Pressionado, Pazuello negou naquela tarde, aos senadores e aos jornalistas presente, que o governo financiasse, divulgasse ou orientasse o uso da cloroquina e de outros medicamentos sem comprovação no combate a covid19. “O ministério da Saúde não define qual remédio é usado para protocolo de remédio”, “Essa é a posição oficial.”

Consta que Bolsonaro decidiu promover a cloroquina para agradar a Donald “I Love You” Trump. O então presidente dos Estados Unidos tinha um interesse particular no remédio, por ser um investidor na fran Sanofi Aventis, único laboratório estrangeiro autorizado a comercializar as pílulas para o Brasil.  Segundo reportagem do New York Times, o bilionário Ken Fisher, um dos maiores doadores do Partido Republicano, também figura entre os acionistas da Sanofi, enquanto o ex-secretário de Comércio Wilb administrava um fundo com aplicações vultosas na empresa.

Em junho do ano passado, o Ministério Relações Exteriores fechou parceria com Washington e recebeu uma doação de 2 milhões de doses d hidroxicloroquina, cuja validade estava prestes a acabar. O chanceler Ernesto Araújo comemorou: “Cooperação Brasil-EUA no combate ao Covid-19 continua avançando. Colaboraremos com EUA na pesquisa clínica da hidroxicloroquina e no desenvolvimento de uma vacina”.

Bolsonaro com frequência usa as suas lives às quintas-feiras para fazer “propaganda espontânea” do produto. O Reuquinol, cuja base é composta de cloroquina, é um dos preferidos do ex-capitão, que chegou a exibir uma caixa durante reunião do G-20, clube das 20 maiores economias do planeta. Um adendo: Bolsonaro é o único dos presidentes do G-20 que se recusa abertamente a tomar a vacina contra a Covid-19.  


O presidente da República vem sendo duramente criticado pelo fato de o governo federal ter fechado convênio com apenas um laboratório, o britânico AstraZeneca, para a produção do imunizante na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e por não ter dado apoio político e logístico ao desenvolvimento da Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, centro de pesquisa biológica do estado de São Paulo.
Negar a realidade para escapar de uma verdade desconfortável é uma das armas de Bolsonaro. Em todos os campos científicos, ele demonstra ter uma pós-verdade,  onde não possuí nenhum domínio, e mesmo assim,  insiste em dar declarações baseadas em falácias e mentiras.  O uso de tais artifícios evidencia que para Bolsonaro vale tudo para se manter no poder.

Para se manter no poder ele já:  “receitou” remédio que não funciona; desprezou a importância do uso da máscara; seguiu dando as mãos para cumprimentar aliados; retirou a máscara de uma criança. Além disto, ele reafirma que evitar aglomerações não faz diferença para impedir o contágio.  É importante relembrar que para ele a covid19 é somente uma "gripezinha" e que por isso não deveriamos estar tão preocupados.

Em depoimento à CPI da Pandemia no  Senado Federal, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou já sobre a falta de oxigênio no Estado do Amazonas desde 10 de janeiro, quatro dias antes da capital Manaus colapsar pela falta de insumos hospitalares em sua rede de saúde ocorrido no dia 14 de janeiro. Pazuello foi avisado sobre a falta de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas, pela empresa que fornece o produto (devido ao aumento do volume de aquisição "planejada" de abastecimento) e até mesmo por uma cunhada sua que tinha um familiar “sem oxigênio para passar o dia”. Pazuello também foi informado sobre problemas logísticos nas remessas.


Afirmou ainda que a falta de oxigênio no Amazonas durou apenas "dois a três dias". No entanto este dado está incorreto, uma vez que a falta real do abastecimento foi próxima de 20 dias corridos.    
Nesta linha do tempo dos "apenas dois a três dias", foram registrados os seguintes dados no Amazonas:

  • SPA e Policlínica Dr. José Lins: segundo ofício assinado pela diretora da unidade, Raimunda Gomes Pinheiro, foram 7 óbitos no dia 14 e 4 no dia 15. O documento informa que os pacientes estavam internados e morreram pela interrupção no fluxo de oxigênio.
  • SPA e Policlínica dr. Danilo Corrêa: registrou 7 mortes. A diretora geral da unidade, Patrícia Castro, informou no ofício que apesar das mortes ocorrerem nesses dois dias críticos no abastecimento de oxigênio, a causa mortis de nenhum consta nos prontuários como asfixia.
  • SPA Alvorada: unidade registrou 3 mortes no dia 14 e outras 3 no dia 15. Segundo documento assinado pelo diretor geral Jorge Amorim Filho, os óbitos ocorreram após a interrupção do fluxo de oxigênio.
  • Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV): informou que registrou 4 mortes de pacientes internados, dependentes de ventilação, que morreram com a interrupção do fluxo de oxigênio. De acordo com o documento assinado pelo Superintendente do HUGV, Júlio Mário de Melo e Lima, a interrupção no fluxo de oxigênio no HUGV ocorreu entre somente entre 6h49h e 9h50h do dia 14, quando ocorreram esses óbitos. Obs: No HUGV, nessas datas houve a compra de insumos pelos acompanhantes dos pacientes, e médicos levavam cilindros nos próprios carros.
  • Fundação de Medicina Tropical: informou o registro de 3 mortes no dia 14 de janeiro de pacientes dependentes de oxigênio, segundo informou o diretor-presidente da instituição, dr. Marcus Vinícius de Farias Guerra.

Documentos obtidos pelo Ministério Público de Contas indicam que 31 pessoas morreram por falta de oxigênio em Manaus nos dias 14 e 15 de janeiro, quando a capital atingiu o ápice da falta do insumo. Neste período caótico a cidade precisou enviar pacientes que dependiam do insumo para outros estados, e parentes de pessoas internadas tiveram que comprar cilindros com o gás por conta própria. Ao todo, durante este período 23 pessoas morreram asfixiados no interior e 28 em Manaus. Como apenas 5 das 11 unidades de saúde da capital responderam aos questionamentos do MPF, o número pode ser ainda maior.

No dia 06/05/21 o vice-governador do estado do Amazonas, Carlos Almeida Filho, disse que o alinhamento do governador do seu estado com o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, transformou Manaus num laboratório que criou a estirpe P.1 (amazónica) da covid-19. Afirmou que o Governador Wilson Lima adotou medidas indicadas por Bolsonaro para alcançar a chamada imunidade de grupo através da contaminação da população por covid-19 após ser alvo de uma investigação policial.

A investigação sobre as suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin já estava nas mãos do Ministério Público Federal e do TCU (Tribunal de Contas da União), mas entrou de vez na rota da CPI da Pandemia depois das declarações explosivas do deputado federal bolsonarista Luís Miranda (DEM-DF). Na TV, Miranda disse ter alertado Bolsonaro sobre os supostos problemas do contrato, no valor de 1,6 bilhão de reais. Miranda afirma que alertou o presidente de que seu irmão, Luís Ricardo Fernandes Miranda, um funcionário do Ministério da Saúde, recebeu uma pressão atípica para fazer o pagamento para um intermediário que vendia a Covaxin, produzida pela empresa indiana Barath Biotech.

O aviso foi feito pessoalmente ao presidente pelo deputado e por Fernandes Miranda em 20 de março, em uma reunião extraoficial no Palácio da Alvorada. Mesmo diante dos alertas e das promessas de Bolsonaro que, segundo os irmãos Miranda, disse que ordenaria a investigação do caso, não está claro o que foi feito. O aviso também fora dado ao então ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Em resposta a essas afirmações, a reação do Governo foi contra os denunciantes.  

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse que o Governo processará o deputado Miranda por denunciação caluniosa. O irmão dele também será processado pelo mesmo delito, por fraude de documentos oficiais e por prevaricação porque, segundo o Governo, ele não revelou aos chefes imediatos as irregularidades. A vacina Covaxin teve sua compra intermediada pela Precisa Medicamentos. Esse foi o imunizante mais caro adquirido pelo Governo brasileiro, ao custo de 15 dólares por dose e a única que não foi feita diretamente com o laboratório fabricante.

A CPI da Pandemia já havia suspeitado dos negócios entre o Ministério da Saúde e a empresa por três razões: 1) o preço acima dos demais, já que as outras cinco vacinas compradas até o momento custavam no máximo dez dólares; 2) a incomum celeridade entre o início das negociações e a assinatura do contrato, foram três meses, enquanto que o da Pfizer, por exemplo, foram quase 11 meses; e 3) o controlador da Precisa, Francisco Emerson Maximiano, é investigado por ter assinado um outro contrato de fornecimento de medicamentos de alto custo com o Governo, de 20 milhões de reais, e não ter entregue os produtos.

O caso tem sido apontado pelos senadores da CPI como o mais grave envolvendo o Governo até o momento. Desde que a comissão iniciou os seus trabalhos, em abril, a gestão Bolsonaro tentou desviar o foco e quis que as investigações se focassem nos casos de corrupção envolvendo Estados e municípios. Enquanto que os opositores defendiam a narrativa de que o presidente foi negacionista no trato da pandemia, omisso nas compras de vacina durante todo o ano de 2020 e, por essa razão, poderia ser responsabilizado por milhares de mortes. Agora, abre-se um novo flanco e de causalidade mais direta: possíveis atos de corrupção.

Documentos: https://drive.etersec.org/0:/Leaks/Gabinete do Ódio/Jair Messias Bolsonaro/


Fontes:    

https://www.dn.pt/internacional/cidade-brasileira-de-manaus-transformou-se-em-laboratorio-para-o-virus-13691825.html  

https://revistaforum.com.br/coronavirus/ao-menos-51-pessoas-morreram-por-falta-de-oxigenio-no-amazonas/  

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/01/25/documentos-mostram-que-mais-de-30-morreram-nos-dois-dias-de-colapso-por-falta-de-oxigenio-em-manaus.ghtml

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/01/com-hospitais-lotados-e-escalada-da-covid-19-dobra-o-numero-de-mortes-em-casa-em-manaus.shtml

https://brasil.elpais.com/brasil/2021-01-21/pesquisa-revela-que-bolsonaro-executou-uma-estrategia-institucional-de-propagacao-do-virus.html  

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55684605  

https://www.cartacapital.com.br/politica/o-que-ha-por-tras-do-lobby-de-bolsonaro-pelo-uso-da-cloroquina/    

https://exame.com/brasil/falta-de-oxigenio-em-manaus-e-criticas-a-gestao-governo-bolsonaro-na-berlinda/

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