O Desmonte do INEP

Notícias 19 de Nov de 2021 ES

Às vésperas do exame nacional do ensino médio (Enem), 2 coordenadores-gerais e 37 servidores do INEP pediram exoneração de seus cargos, dentre as causas estão: assédio moral, má administração e censura de questões. É importante ressaltar que, tais denúncias estão sendo direcionadas ao atual presidente do Inep, Danilo Dupas. Visto estes recentes acontecimentos, resolvemos refazer alguns passos para entender o progressivo "desmonte" do INEP. Em novembro de 2018, Jair Bolsonaro, durante uma entrevista para o Brasil Urgente, relatou sua insatisfação mediante à uma questão do Enem que tratava do dialeto Pajubá, afirmou também, que durante sua gestão, o Ministério da Educação não trataria desses assuntos.

Em 2019, o INEP nomeou uma comissão, criada pelo governo Bolsonaro, para a análise de itens da prova do ENEM, com o objetivo de manter a "neutralidade ideológica", a mesma, em fevereiro de 2021, alguns dias antes da exoneração do ex-presidente do INEP, Alexandre Ribeiro, questionou a validação de 66 questões, além de sugerirem a mudança do termo "ditadura" para "regime militar". Após a exoneração de Alexandre Ribeiro, por Braga Neto, Danilo Dupas foi nomeado no dia seguinte à presidência do INEP, pelo Governo Federal. Ao que tudo indica, Danilo Dupas possui uma relação bastante próxima à Milton Ribeiro (Ministro da educação), visto que esse foi apresentado pelo então ministro, ao presidente Jair Bolsonaro, em março desse ano.

Retomando as mudanças ocorridas no INEP, desde a chegada de Jair Bolsonaro e seus lacaios à presidência e as suas consequentes mudanças, ficam claras as suas mudanças para obter maior poder de decisão sobre o ENEM, e como em 2018 já havia indícios de futuras mudanças dentro do INEP. Segundo uma entrevista aos funcionários exonerados, feita pelo programa Fantástico, apesar da existência de um ambiente com alta segurança, preparado para manter a segurança das informações e impedir a entrada de qualquer pessoa não autorizada, houve a entrada não justificada de um policial federal, e até o momento não se sabe a quais informações ele teve acesso e o que fez. Além disso, os funcionários também relataram a censura de questões dos contextos sociopolítico e socioeconômico brasileiros dos últimos 50 anos.

Após as exonerações e as denúncias virem a tona e ganharem notoriedade, o Ministro da Educação Milton Ribeiro, veio a público na terça-feira (16), negando a interferência do governo na elaboração das provas do Enem, insistindo em afirmar que as demissões em massa, nada tem a ver com a interferência do governo no Inep, mas sim, são referentes a interesses financeiros - algo posteriormente negado pela entidade. Apenas para no dia seguinte, o presidente vir a público e contrariar o discurso do ministro, ao declarar que agora, as questões do Enem "começam a ter a cara do governo".

Apesar de todas as evidências, o atual presidente do INEP, nega que tenha tido o acesso à prova e afirma que a suposta censura, trata-se apenas de uma troca de questões, algo normal durante a elaboração do exame. Não importa o quanto tentem esconder suas ações, nós estamos em todos os lugares, nós não perdoamos, nós não esquecemos, esperem por nós.

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